sábado, 27 de junho de 2009

Duas Casas e uma Mochila


Vocês conhecem este livro? Como a Nadia comenta no post anterior, os filhos de pais separados precisam aprender uma série de coisas, especialmente as relacionadas ao trãnsito entre as casas do pai e da mãe. Este livro de uma colega terapeuta de família, a Sonia Mendes, foi lançado ano passado e é um recurso muito interessante para pais e filhos conversarem sobre a separação. Não existem muitos livros infantis sobre o assunto. Ainda temos a maioria dos livros para crianças com famílias representadas de forma tradicional. Uma leitura conjunta muitas vezes é um ótimo momento para uma conversa íntima em que pais e filhos podem compartilhar seus sentimentos e suas dúvidas ao se identificar com a menina do livro ou com seus pais.

quarta-feira, 17 de junho de 2009

NOVOS MOCHILEIROS


Todos conhecemos a experiência de alguns jovens que saem de mochila, para descobrir um mundo novo, ao mesmo tempo que vão aprendendo sobre si mesmos , seus recursos e suas possibilidades de uma vida longe de casa.
Quero falar aqui de um outro tipo de mochileiro,que, de uma forma ou outra tem coisas em comum, são os filhos de pais recém separados que começam a viver esta experiência , passando um tempo ora na casa do pai, ora na casa da mãe.
Quando a separação dos pais acontece, muitas coisas vão mudar em suas vidas, inclusive o fato de terem duas casas e romperem de uma hora para outra com tudo que estavam acostumados.
Eles tem que dar conta de muitas mudanças das quais não são os autores.
Como facilitar, neste momento, a vida destes precoces mochileiros? Os pais, apesar de toda a dificuldade que estão passando, precisam pensar também nos filhos.
Ver o pai e a mãe se relacionando com um mínimo de cordialidade, vai dar mais segurança
Não ter o papel de pombo correio dos pais, é um grande facilitador.
Não ouvir o pai falar mal da mãe ou vice-versa, não fermenta conflitos.
Perceber que o que acabou foi a relação dos pais e que a relação pai/filhos, mãe/filhos vai durar, alivía muitas das aflições.
Os pais respeitarem seu desejo de "hoje " não ir para casa do outro pai, porque tem um programa imperdível, não é sinal que os filhos não gostam da "minha" casa.
O que falei e muito mais, permite aos filhos a descoberta de um mundo novo, de seus recursos para lidar com mudanças inevitáveis e de se perceberem um pouco mais autônomos para a vida.



domingo, 14 de junho de 2009

OS TEMPOS DO DIVÓRCIO


“O que é para mim o tempo? Se ninguém me pergunta, eu sei. Mas, se quero explica-lo a quem me pergunta, não sei. Mas me atrevo a dizer que sei, com certeza, que se nada acontecesse, não haveria tempo passado, se nada esperasse, não haveria tempo futuro, se nada existisse, não haveria tempo presente”. (Santo Agostinho, As confissões, Livro XI, cap. 14.)
A percepção do tempo está estreitamente ligada à percepção da duração, ou ao que se pode definir como o sentido do tempo. Os estudos de cronobiologia humana mostraram a presença de uma multiplicidade de ritmos interiores, com ciclos maiores ou menores que nos oferecem, a cada um, diversas possibilidades de experimentar o tempo individual.
São estas diferenças que às vezes nos fazem ouvir alguém contando sua história e parecer para nós que o divórcio é tão recente, parece que foi ontem que tudo aconteceu, e descobrirmos que já aconteceu há doze anos. Ou ao contrário. Ou consolarmos alguém que se diz, mas nunca passa, não agüento mais e descobrirmos que só se separou há três meses.
O divórcio é um dos acontecimentos no processo de vida que exige uma reorganização de: identidade, relações, distribuição do tempo.
Não vivemos a superação da situação como uma linha no tempo, como um ciclo, nem como espiral. Às vezes vivemos como onda, às vezes em círculos parados, às vezes em combinações de vivências diferentes em diferentes níveis/áreas da vida. Idas e voltas.
Influenciam a vivência do tempo no processo de divórcio fatores como a idade dos cônjuges, a idade dos filhos, o tempo de casamento, o nível de autonomia, o sentido da autoria do divórcio.
Como cada um vive o tempo do divórcio é uma combinação de muitos fatores. E, além disso, cada pessoa na família, pais e filhos, tem combinações diferentes que resultam em formas diferentes de experimentar o tempo. Por isso, muitas vezes, um "já" está em uma posição e outro "ainda" está em outra.
Não há o tempo certo, nem o ideal. Há o possível e o "real" para cada um de nós.

terça-feira, 9 de junho de 2009

AUSÊNCIA


Ausência


Por muito tempo achei que a ausência é falta.
E lastimava, ignorante, a falta.
Hoje não a lastimo.
Não há falta na ausência.
A ausência é um estar em mim.
E sinto-a, branca, tão pegada,
aconchegada nos meus braços,
que rio e danço e invento exclamações alegres,
porque a ausência, essa ausência assimilada,
ninguém a rouba mais de mim.
Carlos Drummond de Andrade

sábado, 6 de junho de 2009

A LULA E A BALEIA

Este é o título de um filme autobiográfico com roteiro e direção de Noah Baumbach, vencedor de melhor filme no Festival de Cinema de Sundance, em 2005. O diretor desenvolve, com muita sensibilidade, o tema separação e suas consequências no ambiente familiar. Trata-se de uma separação com muitas brigas e mostra o descuido dos pais ao desvendar detalhes desnecessários da vida do ex-casal, como a traição da mãe etc...
Outros temas que me parecem relevantes:
Negociação de visitas: como podem ser feitas negociações que sejam mais adequadas aos filhos?
"Direito de visita não é um direito dos pais em relação aos filhos, mas é sobretudo um direito da criança."

Conflito de lealdade: é um sentimento desgastante para os filhos , que ora assumem o lado de um dos pais, protegendo-o ou impedindo que um critique ao outro em sua frente.

Novos parceiros: num primeiro momento é dificil para os filhos aceitarem os novos relacionamentos dos pais. A inclusão deve ser feita aos poucos e de forma cuidadosa.

Sob meu ponto de vista, a separação dos pais, não implica tão somente em perdas e sofrimentos, mas pode ser uma oportunidade de crescimento emocional e aprendizado de vida.




quarta-feira, 3 de junho de 2009

A VIDA É UMA VIAGEM

«A viagem não acaba nunca. Só os viajantes acabam. E mesmo estes podem prolongar-se em memória, em lembrança, em narrativa. Quando o viajante se sentou na areia da praia e disse: “Não há mais que ver”, sabia que não era assim. O fim da viagem é apenas o começo doutra. É preciso ver o que não foi visto, ver outra vez o que se viu já, ver na Primavera o que se vira no Verão, ver de dia o que se viu de noite, com sol onde primeiramente a chuva caía, ver a seara verde, o fruto maduro, a pedra que mudou de lugar, a sombra que aqui não estava. É preciso voltar aos passos que foram dados, para os repetir, e para traçar caminhos novos ao lado deles. É preciso recomeçar a viagem. Sempre. O viajante volta já.»

José Saramago, extraído de Viagem a Portugal




Obrigada Catalina.

segunda-feira, 1 de junho de 2009

PARA PENSAR....

Essas reflexões/ perguntas foram feitas num curso que damos para Terapeutas de Família, sobre as questões do divórcio. Elas tem como objetivo ajudar pais a pensarem sobre possibilidades e recursos para cuidar de seus filhos na hora da separação:

1) O casamento acabou. E agora, como cuidar dessa família que um dia existiu?

2) Como manter as crianças preservadas dos conflitos que são inevitáveis no momento da separação?

3) Com quem você pode contar para ajudar nesse momento?

4) E os filhos, com quem podem contar?

5) Diante de tantas mudanças inevitáveis, como manter alguma estabilidade para os filhos?

6) Como respeitar o direito dos filhos de " ficarem fora dessa"? Fora dos conflitos? Fora das intimidades antigas e novas?


Para pensar.... e buscar alternativas!

Nova lei para o divórcio

A advogada Maria Berenice Dias, gaúcha e defensora de leis mais liberais em relação à família, como o divórcio direto e o casamento entre homossexuais escreve sobre a nova lei que extingue a separação judicial e permite que o ex-casal peça direto o divórcio.
confira aqui