quarta-feira, 14 de agosto de 2013

Separar???

 Olá amigos do nosso blog, quanto tempo!
 Quero compartilhar com vocês os últimos dois anos da minha vida.Não foram fáceis, foi um período de muita inquietude... Logo eu que cantava aos quatros ventos que após os sessenta, com filhos criados, uma carreira consolidada, relações bem solidificadas, a vida seria um mar sereno. Não me perguntem de onde eu tirei esta ideia, mas acreditava nela. Talvez porque achasse, o que é verdade, que aos sessenta não se é tão jovem , mas também não se é tão velho assim. Ainda damos um bom samba ou um bom caldo.
Bem, voltando ao início do meu post, já há algum tempo vinha pensando em me separar. Talvez a primeira vez que pensei nisso foi há vinte anos, numa viagem pelo interior de Minas Gerais. Nesses dois últimos anos essa ideia se tornou presente demais. Em um determinado momento eu já não estava em lugar algum. Não estava satisfeita com minha vida, não me sentia plena, estava me achando acomodada, sem graça e afetivamente dependente de filhos e neto. Eles são muito, mas muito importantes para mim, com um porém , um pouquinho atrás de mim. E a ideia da separação me perturbando continuamente. Como assim se separar depois dos sessenta? Esta mulher só pode ser louca varrida! E tome de sofrimento, já estava até convencida que eu era realmente completamente maluca, largar tudo... me mandar.. ir embora...Estava tudo nos lugares, família legal, amigos queridos...e eu não estava satisfeita com minha vida! Como se explica essa insatisfação sútil para os amigos. Agora é hora de sossegar o facho, Nadia, (eu percebia nas expressões de surpresa, de desagrado,  de "você vai cometer uma tremenda burrice"). E eu só, muito só para decidir. Meu deus como a gente se sente desamparada nessa hora de tomar uma decisão, como se deseja um colo, uma garantia de que tudo vai ser bom, que sua vida vai ser muito melhor. e ninguém lhe garante nada, E nem pode, pois a decisão é só sua. Seus filhos já tomaram seus rumos ou estão prestes a. Então seu destino está em suas mãos. Não é uma escolha fácil, tinha muito a perder e apostando em algo melhor. Sairia da famosa zona de conforto em busca de novos caminhos. Uma bandeirante do século vinte e um. E tome sofrimento, noites em claro, pois não havia um motivo escalafobético, daqueles que todo mundo vai te apoiar, havia tão somente um desejo de paz, de tranquilidade. Mas dói ,como dói! 
Foi assim amigos, que no dia 31 de janeiro deste ano, bati a porta do meu apartamento no Jardim Botânico, no Rio e chorando ao me despedir do apartamento, das empregadas, dos porteiros, peguei o carro com mala e cuia e os dois cachorros e me separei. Sim, me separei porque já não suportava mais estar entre o ir e o ficar. Fui , com a cara e com uma pequena coragem rumo a minha nova vida. Não sem antes chorar litros e litros ao me despedir de cada pequena ou grande coisa que compunham a minha vida, dos meus filhos e neto amados,dos meus amigos insubstituíveis,do meu consultório, dos meus pacientes queridos, da Lagoa Rodrigo de Freitas, dos meus programas, dos meus museus e do tantão de coisas que tornam a nossa vida gostosa.
Hoje estou aqui  em  Tiradentes, MG, com meu marido, cidade que visitei pela primeira vez há vinte anos e que me fez pensar que a vida  pode ser boa, também, longe da cidade grande, do barulho de sirenes, de assaltos, engarrafamentos e mais perto da natureza e da simplicidade.
Aqui posso viver e me sentir mais tranquila até...até quando eu quiser .

Esta é a história da minha separação!

3 comentários:

  1. Nadia querida, muito bem vinda de volta! Como sempre criativa e emocionando a todos! Seja aqui ou em Tiradentes.
    É isso aí, separação faz parte das nossas vidas, não só a conjugal. Cada uma com sua particularidade, mas separar da mãe, do filho, da vida, da vida que a gente tinha e não tem mais...
    Todas doem, mais ou menos, a esperança é que possamos transformar a experiência em aprendizado e ensinamento. Assim, transmutamo-nos.
    Bjs com saudades!

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  2. Lindo texto, muito tocante. Uma reflexão que devemos fazer uma ou mais vezes em nossas vezes. Afinal, mudar, romper com o lugar comum, a rotina, a mesmice da vida, é algo necessário para continuarmos nossa evolução pessoal.

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  3. Vida nova é o que você estava precisando. Não é nada fácil mudar, separar. Voce foi muito corajoso mas acho que valeu a pena. Transforme-se em uma grande ceamista. beijos

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