quarta-feira, 28 de agosto de 2013


E SE FIZERMOS TUDO DIFERENTE?
Fiquei com esta pergunta ao ler a Cartilha do Divórcio para pais lançada neste mês pelo Conselho Nacional de Justiça.  Na mensagem inicial que abre a primeira edição da cartilha é ressaltado o grande esforço que os casais precisam fazer para deixarem de lado as desavenças entre eles e, comportarem-se de forma colaborativa nas questões que envolvem os cuidados com os filhos. A cartilha se propõe a informar e oferecer alternativas aos comportamentos de pais que falam mal um do outro; que usam os filhos como mensageiros ou espiões; que discutem na frente dos filhos; que dificultam o contato dos filhos com a mãe ou com o pai. Enfim, uma série de condutas que deixam crianças e adultos mais ansiosos e vulneráveis ao adoecimento físico e mental.

De fato, quando eu li a cartilha, voltei ao passado: lembrei-me de como foi a minha convivência com o pai do meu filho após a nossa separação, há vinte anos. E dei-me conta de que, naquela época, mesmo eu estando abastecida pelos estudos da psicologia infantil, deixei de lado muitas das orientações que constam dos livros de psicologia e da Cartilha do Divórcio. Acredito que isto aconteceu por minha absoluta impossibilidade de compatibilizar razão e emoção naquele momento de dor, raiva e sofrimento.

E veio daí outra pergunta: o que me ajudou a sair desta situação e colocar as informações (a razão) de que dispunha acerca da importância na qualidade da coparentalidade, para o controle de comportamentos que prejudicassem meu filho?

 Além das informações que dispunha, o que me ajudou foram as conversas que pude estabelecer com diversas pessoas dos diferentes grupos aos quais pertencia. As pessoas com quem conversei trouxeram novas perspectivas acerca de minhas crenças; escutando essas pessoas fui estimulada a refletir e a pensar em algo novo e diferente para minhas condutas em relação a construção de uma coparentalidade de qualidade após o divórcio. Por meio dessas conversas eu continuei fazendo diferente das orientações contidas nas “cartilhas” existentes, mas também fui capaz de perceber quando precisava fazer a razão conduzir meus comportamentos. Mas ainda acredito que as orientações contidas em livros, cartilhas, sites e blogs como o SerParaAção são recursos preciosos nos momentos em que a vida nos coloca o desafio da mudança. E você o que faz nesses momentos?
  
 
                     
 A Cartilha do Divórcio do CNJ pode ser acessada pelo site http://www.cnj.jus.br/noticias/cnj/25746:cnj-e-mj-lancam-cartilhas-para-auxiliar-familias-sobre-divorcio.

2 comentários:

  1. Gostei do seu texto. Parabéns. Py

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  2. Em primeiro lugar, é uma alegria ler seu post, Monica! E, comentando mesmo: quando li as cartilhas pensei coisas bem parecidas. Acho que todo e qualquer recurso é válido no sentido de diminuir os conflitos. Considero que as cartilhas são sinal de uma preocupação do Judiciário com isso. No entanto, sabemos que não é nada fácil, nem depende só da racionalidade, podermos seguir as cartilhas. Quantas vezes em nossas vidas, temos a informação sobre alguma coisa, mas ela não é suficiente para que possamos agir da "forma correta". Concordo que conversar, é uma prática que para além da informação, nos permite vislumbrar e, mesmo, criar alternativas. Tomara que possamos criar, inspirados nessas ideias e na nossa experiência oportunidades para conversas, espaços de conversas em diversas formas que possam ampliar as nossas possibilidades até mesmo de seguir as cartilhas.

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