quarta-feira, 4 de setembro de 2013

Falando de amor...

Amor e separação. Daqui a alguns dias estarei coordenando alguns encontros sobre o tema relações amorosas. Em algum momento, pensando sobre o tema, pensei: Nossa! Trabalho há tantos anos com divórcios e separações, com seus desdobramentos nada amorosos. Realizei grupos por mais de dez anos sobre o tema da separação conjugal. Ainda os realizo. Fiz dos grupos e das conversas, nas quais acredito tanto como forma de transformar relações conflituosas e belicosas em mais possíveis, o tema do meu doutorado. Nunca falei de amor, pensei! Só de desamor. Por que cargas d’água, de repente, vou conversar sobre amor?! E, é impressionante, como quando nos acostumamos a ver as coisas de um jeito, elas ficam desse jeito. Vou explicar: Hoje chego ao consultório de manhã. Depois de três clientes, todas vivendo ou tendo vivido um processo de separação, cada um com suas características. Totalmente diferentes entre si. Todos me emocionando profundamente em suas tentativas genuínas, do fundo do coração, do corpo e da alma, em busca de serem mais felizes de curar feridas, de lidar com os medos e seguir em frente. De recuperar coisas, restaurar, retomar a vida. Foi aí que uma luzinha (óbvia e nova ao mesmo tempo) me apareceu. Ela já vinha me cutucando há algum tempo, senão, não teria pensado em conversar sobre amor tão publicamente. Realizei que sim, falar de separação é sempre falar de amor. Parece óbvio, não? Afinal, estamos falando de um amor que acabou, da dor do amor desfeito, dos amores entre pais, mães e filhos que tentam arrumar um lugar para existir. Mas, não é só disso que estou falando. Ao conversar com essas pessoas, e com tantas outras e comigo mesma, percebo que nos separamos de maneiras muito parecidas com as maneiras que amamos. Há tantos tipos de amores, tantos mitos que inadvertidamente vivemos sem pensar. Há tantas intenções de amar que se tornam armas em guerras eternas. Todas as pessoas que passam pela minha vida, no consultório ou não, falando de suas dores e em suas separações, desejam muito o amor em suas vidas. Desejam encontrar outros amores, mas também desejam aprender a viver o amor. A relacionar-se amorosamente. Para isso, precisam superar muitas e muitas coisas que se misturam e confundem com amor, que chamamos tantas vezes de amor. Precisam perdoar a si e a outros por tudo que foi feito em nome de um amor. E aí, é que fica a pergunta sobre a qual gostaria de me debruçar: quando falamos de amor, ou melhor, quando vivemos o amor, o que realmente importa? Aliás, o que é isso que chamamos amor? Não é um enigma, embora eu ache que essas perguntas não têm respostas simples. Mas, o fato de fazê-la, me remete a uma sensação ainda difusa de que é necessário começar retirando disfarces, vendas, adereços, entende?



Um comentário:

  1. Entendo, tirar os disfarces, aparecermos de "cara lavada" frente a vida. Mas, afinal, o que é o amor? Talvez uma sensação de plenitude, de completude, para nós pobres seres tão incompletos, tão indefesos?
    Desde sempre estamos numa luta incessante para sermos amados, sermos notados, sermos percebidos? Seria a sensação de ser amado que daria o "contorno" de nós mesmos? Seria a sensação de ser amado, que nos definiria frente a vida? Seria a sensação de ser amado, que nos permitiria ser, existir, fazer? Perguntas e mais perguntas...

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