Nos grupos que realizamos com adolescentes uma das queixas, mais constantes, era não ter que assumir nenhum dos lados na separação dos pais. Que estes evitassem falar mal um do outro, pois a briga não era deles e sim do casal parental. Os adolescentes se sentem em conflito, quando ouvem algum comentário desabonador a respeito de um dos pais e não querem ser desleais a nenhum dos dois.Um outro pedido era para que os pais evitassem se comunicar através dos filhos, que consideram um papel desagradável e constrangedor, principalmente assuntos ligados a aumento ou diminuição de pensão, mudança de visitação etc...
Algumas vezes os adolescentes se acham responsáveis pela separação dos pais, porque estão dando muito trabalho, saíndo muito, dormindo muito, estudando pouco. Podemos compreender suas aflições pois os pais reclamam de seu comportamento, o colégio faz reuniões constantes com os pais. Mas percebemos pela nossa experiência, que um casal se separa quando o amor termina e não porque os filhos estão incomodando.
Por seu lado, as garotas que desde crianças se mostram pequenas mãezinhas, tendem nesta hora a assumir os cuidados com os irmãos, sejam os menores ou os mais velhos. Com esta atitude podem se sentir mais desgastadas, sobrecarregadas e assumindo um papel que pertence ao mundo adulto.
As meninas se deparam, algumas vezes, com mães ainda muito jovens que querem se vestir como elas, frequentar os mesmos lugares e fazer os mesmos programas.
Alguma ideia de como a adolescente pode lidar com suas mães, para ver seu espaço preservado?
Até um outro momento.
O divorcio é sempre muito dificil para as crianças. Falo por experiencia propria. No meu caso, os meus pais separaram-se quando eu tinha cerca de 11anos e só ha pouco é que o "julgamento" acabou(agora tenho 16) e foram periodos muito dolorosos para mim. Isto foi tudo menos um divorcio comum. Muitas coisas aconteceram, entre elas, ver o meu pai bater na minha mae, gritar connosco por tudo e por nada chegando ao ponto de nos por a chorar, fazia-nos muita conversa psicologica e tentava que nos virasemos contra a minha mae e quisesemos viver com ele, fechava-nos a chave dentro de casa e nao nos deixava sair, arrombar a porta de onde a minha mae tava a viver, ouvi-lo ameaçar a minha mae por telefone e dizer que a ia matar(quase todos os dias), ir atras dela com uma pistola e ameaça-lamas felizmente conseguiu chegar a uma esquadra da policia antes que algo acontecesse, tirar-nos os telefones e o de casa para que nao pudessemos contactar ninguem, via-nos o telemovel todos os dias a quem tinhamos ou nao ligado e mensagens, mandava mensagens do nosso telemovel para a minha mae, telefonar aos filhos durante a noite com simples objectivo de nos perturbar, etc.. Eu, a minha mae e os meus 3 irmaos tivemos de fugir de casa. Durante muito tempo nao consegui dormir muito bem, tinha pesadelos. Chamadas durante todo o dia e noite, hora a hora, a minha mae a chorar aos berros ao telefone (ela atendia porque ele a ameaçava que se nao atendesse vinha atras de nós e ela com receio disso, atendia), tivemos momentos de muito sofrimento de que neste momento nao sei como tive forças para aguentar. Chorava quase todas as noites sozinha no meu quarto. Nao queria que me vissem chorar. O meu pai sempre foi o problema nesta familia. Ficou doente antes do divorcio(culpando a minha mae do seu AVC) e nunca mais voltou a ser o mesmo. A minha mae entrou em depressao. E nós os filhos, estavamos a ir pelo mesmo caminho mas lá nos fomos ajudando uns aos outros. O meu pai nunca quis saber de nos, ate ao momento em que viu que podia vir a lucrar connosco, ganhar dinheiro. (o meu avo materno é dono de uma empresa e ele sempre fez de tudo para lhe roubar o dinheiro). A minha mae sempre fez de tudo para que estivessemos bem, o meu pai o oposto, o objectivo de vida é por-nos todos malucos. A minha mae chegou a levar-nos a psicologos, mas os meus irmaos nao quiseram, e eu simplesmente nao era capaz de desabafar os meus problemas com uma desconhecida com quem nao tinha qualquer tipo de confiança, e provavelmente so me queria "ajudar" a desabafar pelo puro intresse de ganhar dinheiro. Penso que a maior parte das crianças pensam desta maneira em relaçao aos psicologos e penso que alguem deveria fazer alguma coisa. No meu caso, eu falava sobre os meus problemas com amigas e uma professora da minha escola com quem tive sempre muita confiança e sempre que é perciso é so ligar-lhe. Qualquer dia, a qualquer hora! :) é certo que isto nos influenciou muito na vida. O exemplo perfeito, é o meu irmao mais velho que esteve do lado do pai e foi sempre o apoio dele (Ele tinha na altura 14anos). Agora, sempre que o vejo, esta cada vez mais em baixo, deprimido, nao é o irmao que conhecia. Cada vez odeio mais o meu pai! Aquilo que mais me arrependo na vida neste momento, é o facto de nao te coseguido ajudar a minha mae, de lhe dar uma palavra amiga. Nao sabia o que dizer. O que se deve dizer nestes momentos? Alguem tem resposta para isso? Eu gostaria muito de ouvir..
ResponderExcluirQuanto aquela pergunta que existe de: divorcio ou casamento, o que e melhor para os filhos? no meu caso nao ha duvida, AINDA BEM que os meus pais se separaram, a minha vida era um inferno na altura em que tavam casados.
Nao desejo aquilo por que passei a ninguem. Gostava que nenhuma criança tivesse alguma vez de enfrentar aquilo que eu enfrentei. Pais ai pelo mundo, pensem bem no estado emocional e mental dos vossos filhos quando decidem divorciar-se.