E SE
FIZERMOS TUDO DIFERENTE?
Fiquei com esta pergunta ao
ler a Cartilha do Divórcio para pais
lançada neste mês pelo Conselho Nacional de Justiça. Na mensagem inicial que abre a primeira edição
da cartilha é ressaltado o grande esforço que os casais precisam fazer para
deixarem de lado as desavenças entre eles e, comportarem-se de forma
colaborativa nas questões que envolvem os cuidados com os filhos. A cartilha se
propõe a informar e oferecer alternativas aos comportamentos de pais que falam
mal um do outro; que usam os filhos como mensageiros ou espiões; que discutem
na frente dos filhos; que dificultam o contato dos filhos com a mãe ou com o
pai. Enfim, uma série de condutas que deixam crianças e adultos mais ansiosos e
vulneráveis ao adoecimento físico e mental.
De fato, quando eu li a
cartilha, voltei ao passado: lembrei-me de como foi a minha convivência com o
pai do meu filho após a nossa separação, há vinte anos. E dei-me conta de que, naquela
época, mesmo eu estando abastecida pelos estudos da psicologia infantil, deixei
de lado muitas das orientações que constam dos livros de psicologia e da Cartilha
do Divórcio. Acredito que isto aconteceu por minha absoluta impossibilidade de
compatibilizar razão e emoção naquele momento de dor, raiva e sofrimento.
E veio daí outra pergunta:
o que me ajudou a sair desta situação e colocar as informações (a razão) de que
dispunha acerca da importância na qualidade da coparentalidade, para o controle
de comportamentos que prejudicassem meu filho?
Além das informações que dispunha, o que me
ajudou foram as conversas que pude estabelecer com diversas pessoas dos
diferentes grupos aos quais pertencia. As pessoas com quem conversei trouxeram
novas perspectivas acerca de minhas crenças; escutando essas pessoas fui
estimulada a refletir e a pensar em algo novo e diferente para minhas condutas
em relação a construção de uma coparentalidade de qualidade após o divórcio. Por
meio dessas conversas eu continuei fazendo diferente das orientações contidas
nas “cartilhas” existentes, mas também fui capaz de perceber quando precisava fazer
a razão conduzir meus comportamentos. Mas ainda acredito que as orientações
contidas em livros, cartilhas, sites e blogs como o SerParaAção são recursos
preciosos nos momentos em que a vida nos coloca o desafio da mudança. E você o que faz nesses momentos?
Gostei do seu texto. Parabéns. Py
ResponderExcluirEm primeiro lugar, é uma alegria ler seu post, Monica! E, comentando mesmo: quando li as cartilhas pensei coisas bem parecidas. Acho que todo e qualquer recurso é válido no sentido de diminuir os conflitos. Considero que as cartilhas são sinal de uma preocupação do Judiciário com isso. No entanto, sabemos que não é nada fácil, nem depende só da racionalidade, podermos seguir as cartilhas. Quantas vezes em nossas vidas, temos a informação sobre alguma coisa, mas ela não é suficiente para que possamos agir da "forma correta". Concordo que conversar, é uma prática que para além da informação, nos permite vislumbrar e, mesmo, criar alternativas. Tomara que possamos criar, inspirados nessas ideias e na nossa experiência oportunidades para conversas, espaços de conversas em diversas formas que possam ampliar as nossas possibilidades até mesmo de seguir as cartilhas.
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