Outro dia conversava com uma amiga que vive um processo de separação. Nosso assunto, claro, girava sobre o que ela está vivendo atualmente. Falávamos das várias separações que existem em "um processo". A separação amorosa, a parental, a financeira, a cotidiana, a da amizade, a da intimidade, a familiar, e por aí vai. Cada um pode pensar em geral e em particular, quantas separações existem em uma. Depois da conversa, fiquei pensando na complexidade desta idéia que parece tão óbvia. Acontece que posso ter uma separação tranquila na área financeira, mas não na amorosa. Ainda estou envolvida emocionalmente com meu ex-parceiro embora não tenha problemas em negociar nada a respeito de dinheiro. Podemos ter uma convivência bastante razoável no que diz respeito a negociações a respeito dos nossos filhos, mas ainda tenho muita dor por conta da perda da família e do contato com a família dele. O leitor pode brincar com as inúmeras combinações que podem acontecer a uma pessoa e, ao final, pensar que outras complexas combinações ocorrem para a outra pessoa envolvida "no processo". Sem contar os filhos.
Pensando assim construir boas conversas, negociações e novas organizações é um enorme desafio, mesmo para as separações que não viram uma guerra declarada.
Por outro lado, tal complexidade e variação pode nos ajudar a viver e pensar que, se bem algumas dificuldades em uma área da separação podem influenciar em outras áreas não tão difíceis, o inverso também pode acontecer e as possibilidades em uma área da necessária convivência do casal podem ajudar a harmonizar mais outra área onde a conversa e a tolerância pode ser menor.
E, assim, entre limões e limonadas, vamos construindo nosso viver...
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