sexta-feira, 2 de abril de 2010

MULHERES

Conheci Maria numa sala de espera enquanto aguardava ser atendida pelo dentista. Foi uma amizade a primeira vista. Falamos de tudo um pouco.
Maria tem mais de 80 anos , mas é de uma jovialidade ímpar. Adora música , faz parte de um coral, está antenada com tudo que acontece.Desses encontros fugazes que só nos dão prazer.
Maria me conta que sua vida foi muito difícil, porque insatisfeita num casamento com um homem que não entendia e nem aceitava sua vitalidade, acabou por sair de casa, deixando para trás filhos, estabilidade financeira e reconhecimento social. Tudo isso numa época em que a sociedade não aceitava mulheres separadas, que havia muito preconceito, principalmente em relação aquelas que fugiam aos padrões.Uma mulher que abandonava os filhos não recebia apoio algum.
E Maria continuava a me contar com entusiasmo, que depois veio a conhecer a grande paixão de sua vida, um homem casado com o qual viveu um amor de 30 anos, tão proibido quanto intenso.Quando ele morreu, seu luto foi solitário, não pode se despedir como desejaria. Isso a fez cair numa forte depressão, da qual se recuperou muito aos poucos, principalmente através da música,
Repentinamente uma voz “dona Nadia pode entrar” me tira bruscamente daquele história tão verdadeira e tão humana e me leva para a cadeira do dentista. Que paradoxo!
Penso quantas mulheres tem a coragem que Maria teve, de pagar um alto preço para ir de encontro a seus sonhos, em busca da felicidade, mas principalmente de viver uma vida coerente com seus desejos. Vale a pena? Quem sabe?


À TODAS MARIAS QUE NOS AJUDAM A PENSAR!

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