domingo, 28 de agosto de 2011
OUTRAS SEPARAÇÕES
"Fez-se do amigo próximo o distante
Fez-se da vida uma aventura errante
De repente, não mais que de repente."
Vinícius de Moraes
Gostaria de falar hoje de um tema que machuca tanto quanto, mas não se trata de separação entre um homem e uma mulher, de um divórcio, mas separações de pessoas que mantém fortes laços de amizade, laços familiares e relacionamentos de trabalho.
Tudo vai andando bem, até que um dia... a coisa desanda. E tem consequências...
Toda e qualquer separação dói, tenha a natureza que tiver. Dói muito, machuca, fere.
Abrir mão, mesmo que não se querendo, mas se tendo que, de um amigo/a querido/a, dói .
Abrir mão de um contato mais próximo com um parente querido, mesmo que
tenhamos razões de sobra, para tomarmos esta atitude, dói.
Abrir mão de um amigo/a de trabalho, em quem depositávamos confiança, dói.
Essa dor se chama saudade de não podermos mais ter o convívio cotidiano com essas pessoas. Não podemos contar mais com suas presenças, por quê? Por que, por mais que doa, o contato estava nos afetando, não era mais prazeroso. Algo nestas pessoas nos fazia sentir desconfortáveis, sem a espontaneidade em sermos nos mesmos.
Com certeza um dia a saudade vai apertar e vem o pensamento, que vontade de saber como ele/a vai tocando a vida, doeu tanto nele/a quanto para mim?
Mas uma crença e uma idéia, que cada vez me parece mais sábia é que devemos selecionar com quem queremos nos dar: dar a nossa amizade, dar nosso carinho, dar nossa disponibilidade emocional.
Em alguns casos este afastamento, mesmo que doloroso, nos faz pensar melhor no que é bom para o nosso convívio e no que não é, quem nos enriquece, e quem não, quem nos alimenta de afeto, e quem não, quem nos ouve e quem não é capaz disso.
À quem podemos retribuir com a mesma disponibilidade, este afeto e este cuidado?
Com o afastamento podemos pensar melhor, com maior clareza, sem tantas interferências, na nossa escolha. Para escolher precisamos de momentos só nossos, de introspecção, de um mergulho em nos mesmos, para respondermos questões que só nós sabemos as respostas.
Concluímos então, que as separações que vimos, nos traz vantagens de termos as rédeas de nossas vidas, escolhendo o que é melhor para nós, e não nos permitindo viver a dor que machuca, que nos fere e que nos deixa impotentes frente a vida.
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Concordo que o "ideal" é poder decidir quem merece o nosso afeto, a nossa atenção, preocupação e - por que não? - o nosso sofrimento.
ResponderExcluirNa prática, porém, acho que esse ideal é meio utópico, porque, como a gente está careca de saber, não temos a capacidade de escolher a quem amar...