domingo, 14 de junho de 2009
OS TEMPOS DO DIVÓRCIO
“O que é para mim o tempo? Se ninguém me pergunta, eu sei. Mas, se quero explica-lo a quem me pergunta, não sei. Mas me atrevo a dizer que sei, com certeza, que se nada acontecesse, não haveria tempo passado, se nada esperasse, não haveria tempo futuro, se nada existisse, não haveria tempo presente”. (Santo Agostinho, As confissões, Livro XI, cap. 14.)
A percepção do tempo está estreitamente ligada à percepção da duração, ou ao que se pode definir como o sentido do tempo. Os estudos de cronobiologia humana mostraram a presença de uma multiplicidade de ritmos interiores, com ciclos maiores ou menores que nos oferecem, a cada um, diversas possibilidades de experimentar o tempo individual.
São estas diferenças que às vezes nos fazem ouvir alguém contando sua história e parecer para nós que o divórcio é tão recente, parece que foi ontem que tudo aconteceu, e descobrirmos que já aconteceu há doze anos. Ou ao contrário. Ou consolarmos alguém que se diz, mas nunca passa, não agüento mais e descobrirmos que só se separou há três meses.
O divórcio é um dos acontecimentos no processo de vida que exige uma reorganização de: identidade, relações, distribuição do tempo.
Não vivemos a superação da situação como uma linha no tempo, como um ciclo, nem como espiral. Às vezes vivemos como onda, às vezes em círculos parados, às vezes em combinações de vivências diferentes em diferentes níveis/áreas da vida. Idas e voltas.
Influenciam a vivência do tempo no processo de divórcio fatores como a idade dos cônjuges, a idade dos filhos, o tempo de casamento, o nível de autonomia, o sentido da autoria do divórcio.
Como cada um vive o tempo do divórcio é uma combinação de muitos fatores. E, além disso, cada pessoa na família, pais e filhos, tem combinações diferentes que resultam em formas diferentes de experimentar o tempo. Por isso, muitas vezes, um "já" está em uma posição e outro "ainda" está em outra.
Não há o tempo certo, nem o ideal. Há o possível e o "real" para cada um de nós.
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